Santuário de Bom Jesus da Lapa
Dando sequência a série de reportagens sobre os Santuários espalhados por todo Brasil, hoje (21) vamos conhecer um pouco da história do Santuário do Bom Jesus da Lapa, na Bahia, que é administrado pelos Missionários Redentoristas.
Bom Jesus da Lapa é um município localizado na região oeste do estado da Bahia, situado a 850 km da capital.
Sua população é de aproximadamente 62 mil habitantes conforme o IBGE. A cidade é banhada pelo rio São Francisco e suas atividades econômicas estão baseadas na agricultura, pecuária, comércio, turismo e pesca.
A cidade de Bom Jesus da Lapa concentra a terceira maior romaria do Brasil, no mês de agosto, conhecida como a romaria do Bom Jesus em que atrai milhares de fiéis todos os anos.
O grande diferencial entre Bom Jesus da Lapa e as outras cidades da região é o morro e suas grutas que lhe conferem um clima místico e diferenciado e o estado permanente de romarias.
A cidade de Bom Jesus da Lapa começou sua existência à sombra do Santuário do Bom Jesus.
Graças às constantes peregrinações que se transformaram em grandes e permanentes romarias de fiéis ao Santuário do Senhor Bom Jesus, o povoado foi se desenvolvendo, transformando-se em vila em 1870, atingindo a categoria de cidade em 1923, quando foi emancipada, no dia 31 de agosto desse ano.
O Santuário - O abrigo foi descoberto em 1691 pelo português Francisco Mendonça Mar, que exercia, como seu pai, a profissão de ourives e pintor.
Com vinte e poucos anos, em 1679, chegou a Salvador da Bahia, onde instalou sua própria oficina. Em 1688, foi encarregado de pintar o palácio do Governador Geral do Brasil, em Salvador, mas, ao invés de receber o pagamento, Francisco foi levado à cadeia e cruelmente açoitado.
Tocado pela divina graça, reconhecendo a vaidade do mundo, ele aprendeu que a única coisa que vale é a salvação.
Distribuindo seus bens, fez-se pobre e, acompanhado de uma imagem do Cristo crucificado, enveredou-se pelo sertão adentro. Caminhou entre tribos de índios antropófagos, passou fome, sofreu o calor do sol.
Uma tarde, depois de vários meses de incessante caminhada, avistou um morro, subiu uma áspera ladeira e, por uma abertura na pedra, penetrou numa gruta.
Lá dentro, encontrou uma cavidade ideal para colocar a cruz que levava. Ali, à margem do rio São Francisco, começou uma vida de eremita.
Dedicado à oração e à penitência, o monge logo percebeu que o amor a Deus não pode ser isolado da vida; então começou a trabalhar em favor dos mais necessitados, trazendo para junto de si pobres, doentes, infelizes e aleijados, a fim de servi-los com amor.
No ano de 1702, a pedido do arcebispo da Bahia, Dom Sebastião Monteiro de Vide, foi a Salvador preparar-se para o sacerdócio.
Estudou durante três anos e, em 1705, foi ordenado padre.Tomando o nome de Padre Francisco da Soledade após a ordenação, voltou à Lapa onde viveu até sua morte, em 1722.
A gruta, onde o monge Francisco colocou a cruz, tornou-se o santuário do Bom Jesus da Lapa. É mais do que uma cavidade na pedra: é um santuário construído pela mão da natureza e escolhido por Deus.
Movimento de Fiéis - No santuário e na cidade, o movimento intensifica-se a partir de 28 de julho, quando se inicia a novena na esplanada, culminando no dia 6 de agosto com a celebração solene.
Anualmente mais de um milhão de pessoas passam pelo local e o maior número de peregrinos circula pelo Santuário, no dia da festa de Bom Jesus, quando a cidade recebe quase 300 mil pessoas.
O tempo da romaria não termina com a festa, mas continua até o fim do ano.
O fundador do Santuário, Pe. Francisco da Soledade era muito devoto de Nossa Senhora.
Peregrinando em busca do lugar ideal para fazer penitência, trazia também uma pequena imagem de Nossa Senhora das Dores.
Desde o começo, no dia 15 de setembro, celebra-se a belíssima festa com a participação de milhares de peregrinos.
Os Missionário Redentoristas - Os missionários do Santíssimo Redentor (Redentoristas) estão atuando na Lapa desde 1956.
Nos primeiros 20 anos, trabalhavam os confrades da vice-província do Recife e, a partir de 1973, a vice-província da Bahia assumiu a responsabilidade pelo santuário.
O trabalho com os romeiros, durante todo o ano, é uma missão permanente.
O trabalho pastoral do santuário tem grande influência na vida religiosa da região.
Nele o romeiro sempre tem a oportunidade de participar de vários eventos coletivos, como, por exemplo, a Romaria da Terra e das Águas, Romaria da Pastoral da Criança, Romaria dos Legionários, Romaria dos Agentes de Saúde e Endemias, etc.
A beleza natural e a forte devoção pelo Bom Jesus fazem desse lugar 'a capital baiana da fé'. Para o povo nordestino, trata-se de um lugar verdadeiramente sagrado.